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Audiência pública discute os desafios para o combate ao abuso e a exploração sexual em Ipatinga


Publicada em 16/05/2019 18:25

Audiência pública discute os desafios para o combate ao abuso e a exploração sexual em Ipatinga

Terão continuidade nesta sexta-feira (17) as ações da Semana Municipal de Combate a Pedofilia em Ipatinga. Às 14 horas, na Praça 1º de Maio, representantes da Secretaria de Assistência Social, da Secretaria de Educação, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), da Câmara de Ipatinga e alunos e colaboradores da Escola Profissionalizante Tenente Oswaldo Macho (EPTOM) devem se unir na caminhada com o tema: “Diga não à Violência”.

Durante a semana, diversas intervenções educativas nas escolas municipais foram realizadas, além de panfletagem. O grande momento da programação de repúdio à pedofilia, até então, ocorreu nesta quinta-feira, dia 16 de maio, quando a Câmara de Ipatinga abriu as portas para uma audiência pública para discutir o tema: “O desafio do Trabalho em Rede para o Enfrentamento da Violência Sexual contra a Criança e o Adolescente”.

Na ocasião, autoridades da área de segurança pública, especialistas e representantes de diversas entidades puderam explanar sobre o assunto. A audiência foi convocada pelo presidente da Câmara, vereador Jadson Heleno (SD),  a pedido do vereador Ademir Cláudio Dias (Pros).

Ademir Cláudio, que é autor da lei 3.298, de 9 de janeiro de 2014 (lei que incluí no calendário oficial do município a Semana de Combate à Pedofilia) foi quem abriu a audiência. Ele citou sua alegria em ver pela primeira vez a Secretaria de Educação envolvida com o movimento.

“Era um sonho ver as escolas municipais abraçarem essa campanha. Não podemos deixar nossas crianças e adolescentes à mercê de criminosos que destroem a infância. A cada vez que uma empresa, uma entidade ou uma liderança abraça nossa campanha eu sinto que estamos no caminho certo. É uma corrente do bem que se forma”, disse ele. 

Estatística
 

O último levantamento apresentado pelo disque 100 mostrou que Ipatinga é a terceira cidade do estado de Minas Gerais em número de denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. O município perde apenas para Belo Horizonte e Contagem. Para o presidente do CMDCA, Leonardo Oliveira Rodrigues, o alto número pode estar relacionado às intensas campanhas realizadas pela rede no município, que encorajam e estimulam as vítimas a denunciarem os criminosos.

O capitão Castro, da Polícia Militar, por sua vez, realçou que além do Disque 100 é de suma importância que as vítimas também façam denúncias pelo 190. “Para que, desta forma, o crime não chegue ao conhecimento da polícia de forma tardia, e assim os fatos possam ser apurados de forma mais ágil. Além dos autores serem presos em flagrante”, pontuou.

Em sua fala, a coordenadora da Escola Profissionalizante Tenente Oswaldo Machado, Cleoneide Oliveira, realçou a importância da rede se envolver para que o Plano Municipal de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual seja aplicado de forma efetiva. “Tivemos uma semana bem intensa, convocamos as instituições para fazerem as atividades em seus bairros, e nos empenhamos em trazer toda a rede para a audiência pública com o objetivo de sensibilizar e mobilizar quem realmente está relacionado com o proposto”, disse.

A presidente do Conselho Tutelar, Lucimara Machado, usou seu espaço para falar da dificuldade em tratar desse tipo de assunto com vítimas e familiares. “Falar com a vítima e fazer ela recontar algo tão traumático é sempre um desafio. Muitas vezes as crianças não sabem dizer o que realmente aconteceu”, acrescentou.

A delegada titular da Delegacia de Violência Doméstica e Crimes Contra a Dignidade Sexual, Dra. Amanda, expôs que as denúncias estão aumentando no município, principalmente no último ano. “A maioria dos casos que atendemos envolve vítimas menores de 18 anos”, lamentou.

Dra. Amanda também pontuou em sua apresentação sobre a iniciação sexual precoce. “Há várias discussões sobre o assunto. Recentemente atendemos o caso de uma adolescente de 13 anos que teve a intimidade exposta na internet pelo ex-namorado. Isso é muito grave. Sexo com crianças é crime, independente da forma como o ato ocorre”, esclareceu.

Para a delegada, a maior dificuldade é apurar os fatos e prender o agressor em flagrante. “Geralmente ninguém comete esse tipo de crime em local público. Então o que temos é apenas a palavra da vítima, pois é um crime que dificilmente deixa marcas”, relatou.

Amanda finalizou dizendo que o criminoso geralmente é um conhecido da vítima, que frequenta a mesma casa. “Os crimes sexuais acontecem em maior parte com vítimas de baixa renda, que não têm recursos financeiros para arcar com tratamento psicológico. Daí a importância do trabalho em rede e de políticas públicas para atender a toda população”.

 

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