Acordo para redução da jornada de trabalho na Usiminas é debatido em audiência pública
Publicada em 06/07/2015 16:44
Aproximadamente 200 funcionários da Usiminas estiveram presentes na noite de sexta-feira (3) na audiência pública realizada pela Comissão Permanente de Abastecimento, Indústria, Comércio, Agropecuária e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de Ipatinga. Os parlamentares tiveram a oportunidade de ouvir diretores da usina, integrantes de uma comissão formada por trabalhadores e o público presente, na sua grande maioria, constituído de funcionários da empresa.
A intenção dos vereadores é intermediar para que os servidores do administrativo da empresa possam votar em assembléia, que deve ser convocada pelo sindicato da categoria. A Usiminas apresentou uma proposta de redução de um dia de trabalho semanal e conseqüente corte no salário proporcional. O acordo inicial, se aceito, seria de três meses, prorrogável por mais três. Esta seria uma saída apontada pela siderúrgica para que não haja demissões de trabalhadores do setor administrativo.
Tal medida está sendo proposta, segundo representantes da usina, porque o mercado do aço apresenta queda. A empresa inclusive chegou a desligar um de seus três alto-fornos. “Isso ocorre porque nossa oferta de produção é maior que a demanda. Um de nossos maiores compradores é a indústria automobilística, que tem enfrentado queda na produção”, afirmou o gerente geral de Engenharia, Silvio Chagas.
Estima-se que a medida, caso seja acordada entre a empresa e os trabalhadores, com o devido aval da categoria e do Ministério do Trabalho, signifique uma economia na ordem de 15% da folha de pagamento da empresa. Segundo o gerente de Relações Trabalhistas Edésio Bragança, o acordo vai envolver aproximadamente 1,8 mil funcionários do setor administrativo da usina.
Em uma consulta proposta pela Comissão aos presentes na audiência pública, os trabalhadores se mostraram favoráveis ao acordo com a Usiminas.
Ao que tudo indica, funcionários administrativos concordam com acordo,
que depende agora de posicionamento do sindicato
Representante da Ordem dos Advogados do Brasil, subseção Ipatinga, Rodrigo de Oliveira esclareceu que o sindicato pode ouvir apenas os interessados, “porque se trata de uma garantia constitucional, prevista na lei 4.923, de 23 de dezembro de 1965, que resume que a assembléia deve ser deliberada pelos trabalhadores que receberão a redução de salários, já que são os envolvidos diretos”, disse.
Segundo Edésio, com o acordo, a empresa espera garantir a empregabilidade de 95% de seus funcionários do setor administrativo.
Dois diretores do sindicato dos metalúrgicos (Sindipa) estiveram presentes na audiência, mas deixaram claro que não poderiam falar oficialmente pela instituição, já que o presidente enviou ofício à Câmara informando que não poderia comparecer por compromisso assumido anteriormente.
Os vereadores Léo Escolar, presidente da Comissão de Indústria, Toninho Felipe, vice-presidente, e Roberto Carlos, relator, se colocaram à disposição para intermediarem o diálogo entre a empresa e o sindicato, que ainda não havia se posicionado sobre a convocação de uma assembléia dos trabalhadores ou adesão ao acordo.