Câmara debate desastre da barragem de Mariana provocado pela mineradora Samarco
Publicada em 26/11/2015 17:40
A Câmara debateu, a pedido do vereador Juarez Pires (PT), o desastre ocorrido com a barragem de rejeitos de mineração da empresa Samarco, em Mariana. O debate público ocorreu nesta quarta-feira (25). Juarez é membro da Comissão Permanente de Urbanismo, Transporte, Trânsito e Meio Ambiente.
A Tragédia ambiental, além de ter vitimado muitas pessoas do distrito mineiro de Bento Rodrigues, que é mais próxima do local das barreiras que se romperam, ainda causou a enxurrada de lama por mais de 500 km até chegar ao mar do Espírito Santo, deixando um rastro de destruição e mortes das espécies que viviam no Rio Doce, que passa, em menor percurso, no município de Ipatinga.
Wilson Milani, representante da COPASA, expôs que a companhia tem procurado buscar ações para minimizar as regiões afetadas com a falta de água. A cidade de Ipatinga não chegou a ser diretamente afetada, porque a captação da água da cidade é feita sem aproveitar água do leito da Bacia do Rio Doce, mas várias outras cidades próximas foram afetadas.
Para Karine Guedes, coordenadora estadual dos movimentos dos atingidos pelas barragens, é importante fazer levantamento dos envolvidos, quantos foram, quais foram o número de ribeirinhos, agricultores que estão sem emprego, que perderam tudo, “e que mal sabem de seus próprios direitos, a quem recorrer e como ser ajudado. Precisamos mensurar os dados dos impactos, e, infelizmente, a empresa quer contratar um órgão internacional para analisar o que sabemos fazer e não temos acesso. Não aceitamos isso”, desabafou Karine.
Jacinto Lana, coordenador de meio ambiente da empresa de celulose Nipo Brasileira - a Cenibra, que tem sede da cidade de Belo Oriente, disse que a companhia teve sua produção afetada, chegando a ser paralisada.
“Ainda não se tem balanço dos prejuízos, mas estima-se que são muitos milhões, e nos preocupa a segurança sobre a perpetuidade do problema. Existe muita lama no Rio Doce e, causando turbidez na água e insegurança de captação para a população e para a produção da celulose”, comentou ele.
Para o autor da audiência, Juarez Pires, após as informações adquiridas, foram definidos os seguintes encaminhamentos: legitimar a atuação do Movimento de Ação da Bacia, reconhecendo sua atuação político em relação aos atingidos; notificar o Ministério Público para investigação de barragens de rejeitos da Bacia do Rio Piracicaba; inserir e apoiar os atingidos na Bacia Piracicaba, articular, fortalecer e legitimar os movimentos populares como essenciais na condução dos debates da sociedade quanto ao modelo de mineração sujeitos na condução destes debates com a sociedade no modelo de mineração que se deseja.
Ainda são encaminhamentos da audiência: acompanhar o projeto de recuperação das bacias atingidas, realização de mesas de debates nos planos emergenciais; e o pedido na Câmara dos Deputados da inclusão do projeto das mineradoras.
Participaram da audiência os vereadores Nilton Manoel (sem partido) e Lene Teixeira (PT); os ex vereadores Dário Teixeira e Robson Ayres; o secretário Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Samuel José Gomes; Vander Neto, assessor do Deputado Padre João; e representantes da OAB, subseção Ipatinga, além da comunidade em geral.