Na esteira de protestos em diversas partes do país, organizados nesta quarta-feira (15) por sindicatos e movimentos sociais contra a reforma da previdência, a Câmara Municipal de Ipatinga recebeu audiência pública contra a proposta de emenda constitucional (PEC) que pretende alterar as regras de aposentadoria.

Segundo o governo federal, o texto da reforma em tramitação na Câmara dos Deputados tem por objetivo equilibrar as contas do sistema previdenciário, atualmente deficitário, mas foi inteiramente criticado por todos os presentes na audiência pública.

A vereadora Lene Teixeira (PT), autora da audiência, disse que a reforma irá prejudicar principalmente mulheres e trabalhadores rurais. Afirmou ainda que pretende enviar encaminhamento aos deputados federais de Minas Gerais sobre o posicionamento da audiência pública contra a reforma previdenciária.“Vamos apresentar um encaminhamento a todos os deputados federais de nosso Estado, contra a reforma da previdência, para que eles possam votar contra essa proposta”, disse Lene.

Ela afirmou ainda que o movimento contrário sobrepõe questões partidárias. “Essa não pode ser uma bandeira partidária, mas sim de todos trabalhadores brasileiros.”

Michele Pires, assistente social do INSS de Governador Valadares, fez apresentação detalhada com informações sobre a PEC da previdência. Contrária à reforma, Michele disse que o déficit previdenciário veiculado pelo governo não existe e apontou uma solução: “Por que as empresas que devem o fisco não são taxadas? Por que essa reforma tem que ser na costas dos trabalhadores?, questionou ela.

Outra convidada, Júlia Restori, ex-secretária de assistência social de Coronel Fabriciano, disse que o governo federal pretende acabar com o Benefício da Prestação Continuada, o que garante um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade. “O governo está querendo acabar com a proteção social, da pessoa com deficiência e do idoso”.

A agiricultora e representante da Fetaemg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais) representou os trabalhadores rurais, um dos setores que poderão sofrer cortes com a reforma da previdência.

Além de Lene Teixeira, os vereadores Wanderson Gandra, Cassinha de Carvalho e Pastora Márcia Perozini também compareceram à audiência. Gandra chamou a reforma de “caixa de maldade” e disse que o Brasil tem que se juntar contra a medida.