Em audiência pública, caçambas comunitárias são apontadas como solução para descarte de entulhos
Publicada em 18/05/2017 13:55
O acúmulo de entulho nas vias e áreas públicas de Ipatinga é um problema que atinge diretamente a população e a administração municipal. Diante da grave situação, a Câmara Municipal de Ipatinga realizou, na noite de quarta-feira (17), audiência pública para debater o tema e tentar encontrar soluções. A atividade legislativa foi requerida pelo vereador Francklin Meireles e aprovada em plenário.
Compareceram à audiência pública, o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma), Eduardo Vilane, o vice-presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Trânsito e Meio Ambiente da Câmara Municipal, vereador José Geraldo Andrade, o presidente da Associação dos Carroceiros de Ipatinga, Jair Muniz, o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Governo, Ilton Câmara, a vereadora Lene Teixeira e moradores de vários bairros de Ipatinga.
O vereador Francklin Meireles afirmou ter visitado vários bairros onde a situação do acúmulo de entulho nas ruas está causando muitos transtornos. Ele afirmou que o problema tem origem no descarte inadequado dos resíduos pela população, mas fez vários questionamentos ao secretário Eduardo Vilane.
Da esquerda para a direita: Jair Muniz, vereadores Francklin Meireles e
José Geraldo Andrade e o secretário adjunto da Sesuma, Eduardo Vilane
Falta de estrutura
O primeiro questionamento foi sobre a estrutura de equipamentos e pessoal disponibilizada para fazer o recolhimento de entulhos nas ruas de Ipatinga. Vilane explicou que o convênio com a empresa Vital Engenharia para realização do serviço foi cancelado pela gestão passada e que nenhuma estrutura montada foi deixada pela administração anterior.
“Diante da situação que encontramos em janeiro desse ano, solicitamos emprestados da Secretaria de Obras três caminhões e uma pá carregadeira para fazer o recolhimento de entulhos na cidade. Esta equipe trabalha de 7 às 13h, mas nós estamos tentando conseguir motoristas para estender esse trabalho até o fim da tarde. Sabemos que não é o suficiente, mas estamos estudando maneiras de resolver esta questão e inclusive estamos abertos a receber sugestões” explicou o secretário adjunto da Sesuma.
Caçambas da Prefeitura
Uma das soluções apontadas durante a audiência e que já se transformou em projeto de lei protocolado pelo vereador Francklin Meireles na Câmara é a disponibilização pela Prefeitura de caçambas comunitárias nos bairros de Ipatinga. “Seriam disponibilizadas, todos os meses, algumas caçambas nos bairros da cidade, conforme a demanda. Elas estariam destinadas a receber apenas pequenos volumes. Outra sugestão é destinar caçambas subsidiadas para pessoas de baixa renda, por 50% do valor, por exemplo, para recolhimento de volumes maiores”, afirmou o parlamentar.
O vereador Andrade sugeriu o desenvolvimento de um projeto de construção de uma usina de reciclagem de entulhos em Ipatinga. “Temos uma demanda imediata, mas também temos que pensar a médio e longo prazo. O concreto reciclado pode se transformar em brita e, se for mais triturado, em areia. Os tijolos seriam separados e poderiam servir de outro tipo de matéria prima para ser reaproveitado na construção civil. Os responsáveis pela usina poderiam vir a fazer o recolhimento do entulho diretamente nas obras, o resultaria em economia para os construtores”, disse José Geraldo Andrade.
Jair Muniz disse que a população mais pobre conta com os serviços dos
carroceiros, mas eles enfrentam dificuldades no descarte dos entulhos
Plano Municipal de
Saneamento Básico
A vereadora Lene Teixeira lembrou, durante a audiência pública, que já existe um Plano Municipal de Saneamento Básico aprovado pela Câmara Municipal, mas que não foi colocado em prática pelo Poder Executivo. “Esse plano contempla a questão da coleta seletiva em Ipatinga e apresenta solução para diversos problemas que enfrentamos nesta área. Não podemos deixar se perder um trabalho como este, que contou com a participação da comunidade na sua elaboração. O que precisamos é executar o plano já aprovado por esta Casa”, alertou a parlamentar.
Com mais de 30 anos de trabalho como carroceiro, Jair Muniz disse que a situação está muito difícil para a categoria. “Nós precisamos trabalhar para sustentar nossas famílias. Já completei 65 anos e não consigo me aposentar, é com a carroça que consigo comprar o arroz e o feijão. Está muito difícil conseguir um frete e quando conseguimos não temos onde descartar o entulho. Já fui ameaçado de morte por pessoas de um lugar onde estava despejando a carroça. Não quero problemas com ninguém, pode olhar minha ficha na delegacia, nunca tive qualquer problema. As pessoas mais pobres contam com o nosso serviço para fazer algum transporte, porque é mais barato. Então, eu queria contar com os vereadores para nos ajudar nisso aí”, desabafou Jair Muniz.