Vereadores utilizaram a tribuna nesta segunda-feira (20), durante reunião ordinária, para defenderem dois segmentos da população que estariam sofrendo com a privação dos seus direitos e com o desrespeito à dignidade humana. Os presos e os negros foram lembrados diante da crise do sistema carcerário na região e o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

O primeiro a fazer uso da tribuna foi o vereador Vanderson da Autotrans, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do legislativo ipatinguense, que fez um apelo aos demais parlamentares em favor dos 1.350 presos que superlotam a Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba. “Estive visitando a penitenciária e constatei que ela está com o triplo de presos que a sua capacidade. O grande temor da diretoria é que ocorra uma nova rebelião no presídio. Cerca de 80% dos presos que estão lá são de Ipatinga, pelo menos 450 foram transferidos do Ceresp, após a rebelião que destruiu a cadeia”.

Além da situação precária dos presos na Dênio Moreira, Vanderson da Autotrans teme pela segurança pública no município de Ipatinga, caso ocorra uma fuga em massa. “Estamos preocupados com a situação e por isso faço um apelo aos colegas vereadores para que acionem os deputados e empresários com os quais mantêm contato, a fim de buscarmos uma solução para o problema”.

Finalizando a sua fala, Vanderson lembrou que a grande maioria da população carcerária é constituída por negros. “Aproveitando que hoje é o Dia da Consciência Negra, lembro a todos que os negros são quase a totalidade daqueles que estão na Dênio Moreira de Carvalho. E aí eu pergunto, será que acabou mesmo a escravidão no país? Acho que não”, concluiu o vereador em tom de desabafo.

 

Dia de reflexão

A vereadora Lene Teixeira também subiu à tribuna para lembrar o Dia da Consciência Negra. “Vivemos hoje no país uma escalada de perda de direitos, a exemplo do que acontece aqui em Ipatinga com os aposentados da prefeitura, que estão desde o ano passado sem receber a complementação das suas aposentadorias. Mas são os negros, os pobres do nosso país quem mais têm sofrido. Como disse o colega Vanderson, eles são maioria na população carcerária. Vejam também a situação da mulher negra no mercado de trabalho”.

Lene Teixeira afirmou que o Dia da Consciência Negra é importante para que se faça uma reflexão em cada município sobre o que nós temos feito para promover a vida e a igualdade de direitos. “Sou autora de um projeto de lei que estabelece as políticas públicas de promoção da igualdade racial, mas o governo passado não deu conta de implementá-lo e muito menos esse governo, que sequer percebe a negritude em sua população, porque tira direitos, tira oportunidades. É preciso pensar em políticas afirmativas, para homens e mulheres, para nossa juventude negra, que está sendo exterminada em morros, favelas e nos grandes centros urbanos, onde a questão da pessoa humana está sendo colocada à margem de nossa sociedade.