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Câmara de Ipatinga realiza audiência pública para prestação de contas da Saúde


Publicada em 06/03/2025 08:34

Câmara de Ipatinga realiza audiência pública para prestação de contas da Saúde

Relatório do terceiro quadrimestre de 2024 detalha investimentos, atendimentos e desafios do setor

 

A Câmara Municipal de Ipatinga realizou, em cumprimento à Lei Complementar 141/2012, audiência pública para apresentação do relatório de gestão da Secretaria Municipal de Saúde referente ao terceiro quadrimestre de 2024. A reunião foi conduzida pela Comissão de Saúde Pública, Trabalho e Bem-Estar Social e contou com representantes do Executivo, Legislativo e Conselho Municipal de Saúde.

Participaram da mesa os vereadores Léo Enfermeiro (presidente da Comissão), Pastor Fernando Castro (vice-presidente), e Avelino Cruz (relator), além do secretário de Saúde, Wallison Silva Medeiros;  o diretor do Departamento do Fundo Municipal de Saúde, Vinícius Bragança, e o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sr. Jeremias. O vereador Daniel do Bem e o Dr. Magid José Mendes Lauar também estiveram presentes.

Recursos aplicados e principais dificuldades

Na apresentação financeira, Vinícius Bragança informou que Ipatinga arrecadou R$ 182,3 milhões no terceiro quadrimestre, sendo 50,2% provenientes da União, 17,6% do Estado e 32,2% do próprio município. Ao todo, foram aplicados R$ 598,8 milhões em saúde ao longo de 2024, representando 27,43% da receita municipal, acima do mínimo exigido constitucionalmente, que é de 15%.

Apesar disso, o relatório apontou algumas dificuldades no setor, principalmente relativas à aquisição de medicamentos e à contratação de médicos especialistas. O vereador Daniel destacou que medicamentos essenciais, como dipirona, losartana e risperidona, frequentemente estão em falta nas unidades básicas. Segundo ele, famílias têm reclamado dessa situação, enquanto a Secretaria alega existir estoque suficiente.

“Encontramos famílias afirmando que há meses não conseguem o medicamento risperidona, enquanto a Secretaria insiste que há estoque disponível. Precisamos de esclarecimentos”, cobrou o vereador.

A alta taxa de cesarianas foi outro ponto destacado: 59,5% dos 774 partos realizados foram cesarianos, enquanto apenas 40,5% foram partos normais. Além disso, houve um aumento considerável nas tentativas de suicídio e nos trotes telefônicos recebidos pelo SAMU, que subiram de 94 para 517 no período.

Sobre os atendimentos nas unidades básicas de saúde, o vereador Léo Enfermeiro afirmou que muitos pacientes procuram a UPA devido à falta de médicos nas unidades básicas. “Precisamos ter médicos substitutos para cobrir férias ou afastamentos, evitando que a UPA fique sobrecarregada com casos não urgentes”, destacou.

O vereador Avelino Cruz complementou, afirmando que é necessário reforçar campanhas educativas para que a população utilize corretamente os serviços de urgência, mencionando que mais de 96% dos atendimentos na UPA poderiam ser realizados em unidades básicas de saúde.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sr. Jeremias, informou que o relatório foi amplamente discutido no conselho e aprovado de forma unânime, apesar de algumas ressalvas, especialmente quanto aos índices de cesarianas e aos trotes ao SAMU, que subiram de 94 para 517.

Assistência a pacientes com autismo e atendimento especializado

Outro debate importante durante a audiência envolveu o atendimento a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O vereador Daniel criticou a demora para consultas especializadas em psiquiatria infantil, relatando casos de crianças que aguardam há anos por atendimento.

Daniel ainda questionou sobre a destinação de R$ 1,2 milhão para a entidade Luz para a Vida, afirmando que até agora não houve um retorno claro dessa aplicação. O vereador lembrou que o Núcleo de Atendimento às Pessoas com TEA (NATEA) está pronto há nove meses, mas segue sem funcionamento, sendo alvo de vandalismo por estar desativado.

Em resposta, o diretor do Departamento de Regulação informou que a Secretaria de Saúde dispõe das informações sobre filas de espera por consultas especializadas, mas que é necessário um pedido formal para o acesso a esses dados.

Por outro lado, o vereador Pastor Fernando reforçou a importância da adesão da população à Carteira Municipal de Identificação do Autista (CIPTEA), destacando que a baixa adesão ao documento dificulta a criação de políticas públicas mais assertivas. Ele sugeriu maior divulgação e incentivo às famílias para realizarem o cadastro.

Controle de arboviroses, vacinação e educação preventiva

A audiência abordou também o cenário das arboviroses no município. No terceiro quadrimestre de 2024, Ipatinga apresentou um alto índice de infestação pelo mosquito Aedes aegypti, mas segundo o Dr.  Magid Lauar, a situação não evoluiu para uma epidemia devido ao trabalho intenso dos agentes de endemias e à conscientização da população.

Na área de vacinação, os índices foram considerados satisfatórios, embora permaneça o desafio da manutenção dessas taxas. Foram destacadas as campanhas de conscientização e ações educativas realizadas nas escolas e comunidades.

O vereador Pastor Fernando Castro enfatizou a importância das ações preventivas. “Precisamos investir mais em campanhas educativas, pois isso ajuda a população a compreender melhor os serviços e utilizá-los corretamente, reduzindo o uso inadequado da UPA e também diminuindo problemas como trotes ao SAMU”, ressaltou.

Ao final da reunião, a Secretaria Municipal de Saúde se comprometeu a encaminhar formalmente as informações adicionais solicitadas pelos vereadores e a buscar soluções para as demandas apontadas durante a audiência.

Assista à audiência:

Crédito Imagem: Diário do Aço 

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