A audiência pública sobre segurança dos jovens nas escolas de Ipatinga atraiu um grande número de pessoas interessadas em discutir o tema no plenário da Câmara Municipal de Ipatinga. O evento foi realizado pela Comissão Permanente de Educação, Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, que traçou um panorama dos problemas enfrentados tanto pelo corpo docente das escolas quanto pela diretoria das instituições de ensino da região.

A composição da mesa contou com os vereadores Adiel Oliveira (presidente da comissão) e Lene Teixeira (vice-presidente), com o analista educacional Cairo Monteiro (representante da Superintendência de Educação do Estado), Eva Sônia  (secretária de educação do município),  Amador Francisco (secretário de segurança do município), e o tenente Marlon Marçal (representante do comandante do 14º Batalhão).  

O representante da Superintendência de Ensino, Cairo Monteiro, levantou problemas que chegam até ele de dentro das escolas, tais como ameaças a professores, alunos pegos com armas e problemas na transferência desses jovens para outras escolas. “Precisamos fortalecer a nossa rede de ensino. Tenho muito a agradecer aos parceiros diretores que em diversas vezes se desdobram para encaixar um aluno ou outro com histórico de problemas dentro de suas instituições”, relatou.

A secretária de educação do município, Eva Sônia, falou que em muitos momentos a relação familiar pesa na postura dos alunos dentro da escola. “Muitas vezes os alunos não têm uma referência dentro de casa. Os pais não têm mais tempo para os filhos. Criam uma relação de intolerância. Hoje no município temos na escola em tempo integral a oportunidade de valorizar também os excelentes alunos que temos no munícipio e que em muitas vezes não têm seu potencial melhor explorado devido a um ambiente mais hostil provocado por outros alunos. É uma luta que vamos vencer”, disse a secretária.

O presidente da Comissão avaliou que foi muito propositivo o debate. “Tivemos a oportunidade de ver pontos de vistas diferentes de um mesmo assunto. Mas ficou evidenciado que a condição de trabalho de muitos professores diante de uma juventude sem limites é muito difícil”, apontou o vereador Adiel.

 

Fórum

 

Como resultado da audiência, por meio de sugestão da vice-presidente da comissão, vereadora Lene Teixeira, foi criado um Fórum de discussão permanente, referente à violência nas escolas de Ipatinga. O objetivo é criar um espaço de discussão e deliberação de ações específicas para atuar preventivamente, mas também a partir de demandas pontuais. O Fórum irá contar com representante da Comissão de Educação, representantes de diretores das escolas estaduais, municipais e particulares, Secretaria de Educação, Superintendência Regional de Ensino, Conselho Tutelar, Conselho Municipal da Criança e Adolescente, Atenção Básica, Secretaria de Assistência Social , Polícia Civil e Militar, Ministério Público, Defensoria Pública, Programa Fica Vivo, Sesgov, Pais e Conselho Escolar. Durante a primeira reunião será definido as datas e frequência dos encontros.

O psicólogo e analista social do Programa Fica Vivo, Cléber Assis, avaliou positivamente a audiência. “Só de abrirmos uma discussão é uma boa iniciativa, porém isso é apenas a ponta do iceberg. O bilhete na escola foi um recado para a sociedade. É necessário termos ações preventivas”, avalia Cléber.  Já a diretora da escola Nacif Selim de Sales, Aparecida Moura, pontuou a dificuldade enfrentada pelos diretores e professores de escolas. “O chão da escola está pesado, só quem está lá sabe o que estamos falando. Precisamos do apoio da sociedade. Quando temos um encontro desses e vemos ações positivas surgindo já ficamos com esperança na vitória da educação”, afirma a diretora.