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Com temática inédita, audiência pública sobre Crack é realizada


Publicada em 26/11/2010 17:45

Com temática inédita, audiência pública sobre Crack é realizada
Reunidos em grupos, participantes indicaram várias ações que podem ser feitas para minimizar a epidemia
 
Cerca de 150 pessoas participaram da audiência pública nesta quarta-feira (24/11) para debater a epidemia do crack em Ipatinga. Proposta pelo vereador César Custódio (PPS), o encontro contou com uma dinâmica em que os participantes da plenária se reuniram em três grupos e apontaram sugestões que servirão como implementação de políticas públicas.   
 
Com vários representantes da sociedade civil, o padre Francisco Guerra explicou que o crack é um problema que afeta não só o usuário, mas também  toda a família de quem utiliza a substância.
 
“O usuário busca o crack numa tentativa de não sentir uma dor existencial, e as drogas têm sido esse alívio, criando uma falsa possibilidade de fuga do mundo”, disse o pároco, autor de livro sobre o tema.
 
Além do padre Chico Guerra, o padre Aloísio Vieira e o pastor Reginaldo Veloso, da igreja Luterana, fizeram uso da palavra.
 
Das dinâmicas de grupos, algumas das propostas apresentadas dizem respeito à inserção de campanhas publicitárias, explicitando os problemas do crack para freqüentadores de shows e carnavais fora de época. Outra idéia surgida é criar multiplicadores antidrogas nas escolas, bem como envolver os estudantes que participam do projeto Câmara Mirim.
 
Conforme o presidente do Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), Luciano Júnior de Oliveira, não há bairro que apresente incidência maior de usuários em Ipatinga. “Há tráfico e usuários em todos os bairros, e devemos buscar alternativas para prevenir que novos usuários caiam nessa infeliz jogada”, enfatizou Luciano.
 
Segundo dados do delegado de Tóxicos e entropecentes de Ipatinga, Tiago Alves Henriques, o crack é a mistura de derivado de cocaína e bicarbonato de sódio. “Em Ipatinga, a droga vem de fora e são distribuídas entre menores que se espalham rapidamente em diversos locais da cidade”, explicou.
 
Ele ainda reiterou que não dá para apreender os menores em flagrante, porque, para isso, tem que apreende-los e encaminhá-los a um Centro de Remanejamento de Menores, que não há em Ipatinga.
 
Luciano Júnior, do Comad, esclareceu que a porta de entrada das drogas ilícitas são as drogas lícitas.
 
Já o tenente do 14º Batalhão de Polícia Militar, Luiz Antoni, desde janeiro até outubro, a Polícia registrou 487 ocorrências por tráficos de drogas. Das prisões, 252 envolvia menores. “A polícia militar já realizou mais de 15 mil operações policiais da região do 14º Batalhão de Polícia Militar. Essas operações tiveram cunho repreensivo e punitivo”, explicou.
 
Luiz Antoni explicou aos presentes o programa de educação e resistência às drogas e violência (PROERD). Nem todas as escolas de Ipatinga contam com PROERD, mas há viaturas para fazer ronda e patrulhamento em todas as escolas do município, graças a indicação da Câmara e o apoio incondicional da Câmara”, frisou.
 
Presente a audiência, o vereador Nilson Lucas (PMDB) – Nilsinho-,  esclareceu que um projeto de sua autoria, que criou a patrulha escolar, só foi possível, graças ao Legislativo, que devolveu aos cofres públicos R$ 660 mil e indicou que a verba fosse utilizada na compra de veículos para este fim.
 
“Vale lembrar que a Câmara também devolveu um veículo que era de sua frota ao Executivo e indicou que o mesmo fosse entregue a Delegacia do Menor de Ipatinga”, lembrou Nilsinho.
 
Mais: O Brasil dispõe de 8.800 leitos para tratamentos de dependentes químicos, mas estima-se que a real necessidade de leitos para tratamento é de 600 mil. A dependência química é considerada doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a desintoxição leva, em média, de 6 a 9 meses. O estado com maior número de dependentes no país é São Paulo.
 
O crack leva 3 segundos para começar a fazer efeito no cérebro e seu efeito dura cerca de 10 minutos.
 
Também estiveram presentes no debate o secretário de assistência social, Daniel Guedes, e o presidente da OAB/ secção Ipatinga, Eduardo Figueiredo, além de vários coordenadores de comunidades terapêuticas
 
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