Ex-secretária de educação é ouvida pela CPI dos Kits Escolares e demonstra insegurança sobre o assunto

Célia Pedrosa passou por oitiva na manhã desta segunda-feira; logo após, atual secretário de administração é questionado pelos vereadores da CPI e é evasivo nas respostas

 

Diante de uma bateria de perguntas, a ex-secretária de educação Célia Pedrosa mostrou pouca afinidade com a pasta a qual ela administrou durante governo interino do prefeito Robson Gomes.

 

Ao ser questionada sobre o processo da compra dos Kits Escolares para rede municipal de ensino, durante oitiva realizada na manhã desta segunda-feira (20/12), que investiga possíveis irregularidades na aquisição dos materiais escolares entre o município e a Empresa Acolari Indústria e Comércio de Vestuário Ltda, Célia disse desconhecer pontos básicos do processo de compra dos materiais escolares pela sua secretaria.

 

O secretario Osmar de Andrade responde a perguntas enquanto a ex-secretaria Célia Pedrosa aguarda o fim da oitiva

 

Foram quase R$ 10 milhões gastos pela pasta ao longo deste ano.

 

A ex-secretaria não soube responder o motivo do pagamento antecipado, quando os materiais ainda não haviam sido entregues pela empresa Acolari, nem ao menos soube dizer o porquê os itens foram entregues individualmente, ao contrário do que era exigido no contrato entre o município e a Acolari, que dizia que todos os materiais deveriam ser fornecidos de uma só vez.

 

Célia também foi evasiva ao ser questionada sobre a qualidade dos itens do Kit, criticada por pais e professores, além de não saber esclarecer os motivos da aquisição de 43 mil Kits Pedagógicos, número duas vezes superior ao total de estudantes na rede municipal de ensino.

 

“As amostras [dos Kits Escolares] apresentadas a mim eram de excelente qualidade. Sobre as compras em excesso, eu assumo o erro. A secretaria tomou todas as providências para corrigir o erro”, disse ela sem especificar quais.

 

Os vereadores Guedes e Nilsinho durante oitiva desta segunda-feira; mais de 100 perguntas foram feitas à ex-secretária Célia Pedrosa

 

O presidente da CPI, vereador Sebastião Guedes (PT), quis saber por que o contrato entre o município e a Acolari não foi suspenso, já que diversas obrigações da empresa fornecedora dos Kits não haviam sido cumpridas.

 

Mais uma vez, Célia não soube responder. Para se esquivar das perguntas, a ex-secretária atribuiu parte das responsabilidades da compra dos Kits à secretaria de administração, sob o comando Osmar de Andrade.

 

Logo em seguida, o próprio secretario Osmar de Andrade foi ouvido pela CPI dos Kits Escolares. Resumindo-se em dar respostas como “não sei”, “não tenho conhecimento” ou “tenho que checar nos autos”, o secretário não soube afirmar se houve pesquisa de preços entre as empresas do Vale do Aço. Ele também não soube dizer por que nenhuma empresa mineira foi consultada. A empresa Acolari tem sede em Tietê, interior paulista.

 

Osmar não soube ainda apontar quais servidores de sua secretaria eram responsáveis em intermediar o processo entre o município e a Acolari.

 

Sobre uma suspeita de superfaturamento nos valores de alguns itens do Kit, tal como o tênis, pago pelo município a um custo de R$ 60 a unidade, quando o valor de mercado é estipulado em R$ 19, o secretário mostrou desconhecimento.  

   

Para o vereador Sebastião Guedes, a omissão nas respostas da ex-secretária de educação e do secretário de administração comprova que há problemas no processo de compra dos materiais escolares pelo município.

 

Plenário ficou cheio durante oitiva da CPI dos Kits Escolares; público compareceu às 9h para acompanhar os depoimentos da ex-secretária de educação e do atual secretário de administração

 

“Eles não responderam a maioria dos questionamentos elaborados pela CPI. Isso nos leva a concluir que há problemas, sim, com a documentação analisada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, porque o próprio secretário de administração admitiu que todas respostas estão nos autos, e identificamos irregularidades exatamente nos autos analisados por nós”, afirmou o parlamentar.

 

Após a oitiva de hoje, a CPI ouvirá quatro testemunhas de empresas subcontratada pela Acolari. Os servidores da Prefeitura envolvidos com o processo de licitação dos Kits Escolares também serão questionados pelos vereadores membros da Comissão. Para finalizar, está prevista ainda a convocação do prefeito Robson Gomes para prestar esclarecimento aos parlamentares. A data ainda não está definida.

 

A CPI dos Kits Escolares é composta pelos vereadores Adelson Fernandes (PSB) e Nilson Lucas Nilsinho (PMDB), além de Sebastião Guedes, que preside a Comissão.