Presidente de creche faz apelo emocionado durante audiência pública
Publicada em 29/09/2011 16:24
Situação crítica das finanças do Município fica evidente diante de atraso no repasse de R$ 124,5 mil para Associação Presbiteriana Leide
Durante a realização de audiência pública para prestação de contas da Prefeitura de Ipatinga, relativas ao 2º quadrimestre de 2011, realizada na quarta-feira (28) no plenário da Câmara Municipal, o pronunciamento, na tribuna, de um cidadão que acompanhava os trabalhos causou grande comoção.
Após a exposição feita pelo controlador geral do Município, Coronel José Carlos de Souza, sobre a delicada situação financeira do Executivo, que tem arrecadado bem menos do que o estimado no orçamento - sendo, por isso, obrigado a fazer cortes nas suas despesas - o Sr. Darcy Monteiro de Souza fez uso do microfone para manifestar sua indignação com o atraso no repasse de R$ 124,5 mil à Associação Presbiteriana Leide, que presta assistência a cerca de 300 crianças no bairro Limoeiro.
“O Município não pode nos deixar órfãos, não pode nos deixar no meio da rua. Temos 66 funcionários. Sou responsável por essas pessoas. Temos mais de 300 crianças para cuidar, 180 famílias dependem de nós. Será que não há temor a Deus? Será que esse povo está brincando com o dinheiro público? Nós estamos trabalhando é com homens, com crianças que são o futuro, são seres humanos. Ajudei a emancipar este Município e nunca passei por isso”, falou, com voz embargada, o Sr. Darcy.
O responsável pela Associação Presbiteriana Leide afirmou que o valor de R$ 124,5 mil deveria ter sido repassado pela Prefeitura no início de setembro. Temeroso quanto ao futuro da creche, que cuida de crianças do berçário até 5 anos de idade, em horário integral, ele disse não saber o que vai acontecer no próximo ano, tendo em vista o corte de 25% nos convênios das creches do Município, anunciado pelo Executivo.
“É preciso que os senhores que representam o Município pensem no que estão falando e propondo. Gostaria que os senhores pensassem e não falassem mais em cortar dinheiro das creches. Como vamos fazer? Vou chamar o Ministério Público e entregar para eles o patrimônio de uma instituição que não é minha? Estou lá há 24 anos tomando conta, construindo um futuro para aquelas crianças. E aí vem um cidadão dizer que vai cortar...”, concluiu seu pronunciamento o Sr. Darcy Monteiro.
O vereador Nilsinho, presidente da Comissão de Controle da Execução Orçamentária e Financeira do Município, responsável pela condução dos trabalhos durante a audiência pública, lembrou que a situação das creches está sendo acompanhada de perto pelo Ministério Público, pela Câmara e por uma comissão formada por representantes das próprias creches atingidas pelo corte anunciado pela Prefeitura. Representando o MP, acompanhou a audiência pública o promotor Walter Freitas, convidado para integrar a mesa de honra.
“O Sr. Darcy é uma pessoa que nós conhecemos a sua história no Município e o seu trabalho como voluntário na creche. Temos que registrar que a Promotoria de Justiça está acompanhando a situação. O promotor Walter Freitas está sensível ao problema. Ele nos recebeu lá no seu gabinete e está presente aqui hoje. Ele está acompanhando de perto. A Câmara está sensível e a comunidade também. Nós pedimos que a Prefeitura tenha esta sensibilidade”, afirmou Nilsinho, antes de passar a palavra ao secretário municipal da Fazenda, Aristides Ramos Filho, que apesar de já estar exonerado, representou o Executivo na quarta-feira.
O secretário reconheceu o atraso no pagamento à Associação Presbiteriana Leide e o justificou, dizendo que seria em decorrência dos ajustes que estão sendo feitos no orçamento do Município. “Precisávamos que todas as alterações feitas nos convênios fossem revistas. E havia a necessidade de fechar a folha de pagamento dos servidores da Prefeitura. Mas me comprometi com o Sr. Darcy que, nesta sexta-feira (30), quando devem ser feitos repasses estaduais ou federais à Prefeitura, seria priorizado o pagamento do processo da Leide”, garantiu Aristides.