Câmara dá suporte a plano cicloviário
Publicada em 14/06/2013 17:29
Dezenas de ciclistas e alunos da Escola Estadual João XXIII estavam entre o público que participou da audiência
A Câmara Municipal de Ipatinga promoveu audiência pública nesta quinta-feira (13/06) com o intuito de debater propostas cicloviárias para a cidade.
A discussão foi marcada após ciclistas procurarem vereadores membros da Comissão de Urbanismo, Transporte, Trânsito e Meio Ambiente para protestar sobre as más-condições das ciclovias no município.
“As ciclovias estão mal cuidadas, sucateadas. Essa audiência é importantíssima para melhorarmos a mobilidade urbana e procurarmos alternativas concretas para os problemas”, disse o vereador petista Saulo Manoel, presidente da Comissão.
Dezenas de ciclistas lotaram o plenário da Câmara. Alunos da Escola Estadual João XXIII também compareceram. Ficou decidido que a Comissão Parlamentar dará o suporte necessário para implantação das propostas apresentadas, a maioria voltada para revitalização da malha cicloviária.
Entre elas o projeto de lei que institui o Plano Cicloviário do Município de Ipatinga, de autoria do vereador Nilsin da Transnil (PRTB), vice-presidente da Comissão. Essa é a primeira proposição de lei municipal inteiramente voltada para o tema.
A proposta, que poderá ir a plenário já nas próximas reuniões, apresenta uma série de diretrizes que o governo municipal será obrigado a seguir. A ampliação da infraestrutura e a integração da malha cicloviária foram um dos pontos do texto.
O vereador também quer a locação de bicicletas em vários pontos do município e a criação do Conselho Municipal de Política Cicloviária, cujo objetivo seria assessorar as secretarias envolvidas na implementação dessas políticas.
“Iniciamos os estudos para a criação desse projeto de lei em março deste ano. Sabemos que as bicicletas têm sido deixadas de fora na formulação de políticas para a mobilidade urbana, o que não condiz com o atual momento, já que, pela quantidade de carros, elas se tornam uma das melhores alternativas para o transporte”, disse Nilsin.
Foi proposta também a ampliação dos debates para os principais bairros, por meio de uma série de audiências com o acompanhamento da Câmara de Ipatinga.
Mais
A audiência pública se iniciou com apresentações que defenderam a adoção das bicicletas como meio de transporte público eficaz.
Márcio Rodrigues de Castro, representante do Mutirão pela Ética e Cidadania, expôs os direitos e deveres dos ciclistas, o papel da cidadania e a origem de movimentos pró-bike nas redes sociais. Ele mencionou propostas para melhoria na mobilidade urbana e explicou que uma cidade cicloviária “é aquela onde se pode circular por todos os bairros com segurança”.
Logo após, a representante do Movimento dos Cicloativistas, Jamile Barcelos Costa, apresentou estudos sobre os impactos em se locomover por meio dos transportes tradicionais (principalmente carros). De acordo com os dados, além de produzir 60% da poluição global, os automóveis ocupam metade dos espaços das grandes cidades e são usados geralmente em viagens com duração de até 15 minutos, “uma comprovação de que poderiam ser facilmente substituídos por bicicletas”.
Ela citou cidades onde o transporte cicloviário de qualidade se tornou real, como Bogotá, capital da Colômbia, um dos exemplos mais próximos da realidade brasileira.
“Quando mencionamos cidades européias, dizem que sonhamos demais e que o Brasil está longe do nível da Europa. Por isso que pegamos Bogotá como exemplo, pois lá foi feito um trabalho extraordinário”, disse Jamile.
Foram construídos em Bogotá 350 km de ciclovias, provocando um aumento de 0,2% para 4% do uso de bicicletas, o que representa, numa cidade com mais de 7 milhões de habitantes, cerca de 350 mil ciclistas. “Até o comércio se beneficia com o aumento do uso de bicicletas”.
O público presente à audiência teve oportunidade de se manifestar e fazer perguntas
Em seguida, um vídeo foi exibido. Nele, um desafio: diversas pessoas teriam que sair, no fim da tarde (horário de pico), ao mesmo tempo, do Hospital Márcio Cunha (bairro das Águas) com destino à Praça dos Três Poderes (centro). Cada um por meio de uma modalidade diferente de transporte. Um corredor, um ciclista, um motociclista, um motorista e um usuário de ônibus participaram da disputa. O primeiro colocado foi o ciclista, seguido do motociclista.
Ao fim da audiência, o público teve a oportunidade de se manifestar e tirar dúvidas.
Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Ipatinga foi representada pelo secretário Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Gustavo Finocchio Lima. Ele atribuiu os problemas à “falta de intervenções na área nos últimos anos”.
Segundo o secretário, Ipatinga possui 55 km de malha cicloviária e o governo municipal está atento com sua conservação. Ele afirmou que a reestruturação das ciclovias será incluída no Plano Diretor e que parcerias com a iniciativa privada podem ser um bom caminho.
A prefeita Cecília Ferramenta, segundo o secretário, solicitou ao governo federal a inclusão de Ipatinga no PAC Mobilidade, que incentiva, por meio de recursos, políticas de mobilidade urbana.