Início do conteúdo

Em audiência pública, mãe de vítima da pedofilia dá testemunho do seu drama familiar


Publicada em 20/11/2013 15:31

Em audiência pública, mãe de vítima da pedofilia dá testemunho do seu drama familiar

A Câmara Municipal de Ipatinga realizou audiência pública na noite desta terça-feira (19), na Escola Municipal Maria Rodrigues Barnabé, no bairro Iguaçu. O objetivo foi discutir com os diversos segmentos da comunidade questões relativas ao combate à pedofilia em Ipatinga.

 

A audiência pública foi requerida pela Comissão de Permanente de Educação, Cultura, Esporte e Lazer do Legislativo, presidida pelo vereador Ademir Cláudio (DEM) e composta também pelos vereadores Roberto Carlos (PT do B), vice-presidente, e Juarez Pires (PT), relator.

 

O evento contou com a participação de diversas autoridades, como o vice-prefeito e secretário de Segurança Pública, coronel Alfredo Ramalho, a delegada da Infância e Juventude, Lívia Athayde Oliveira, o secretário de Assistência Social, Vasconcelos Lagares, a representante do Conselho Tutelar, Lucimara Machado, e a representante da sociedade civil, Ione Tofanelli.

 

Um dos momentos mais marcantes da noite foi o depoimento prestado pela senhora Mary Sueli Pereira, mãe de uma vítima da pedofilia. Ela contou toda a situação que envolveu sua filha, assediada por um médico que frequentava sua casa como amigo da família. Os abusos aconteceram quando a menina tinha entre 11 e 13 anos de idade.

 

Como acontece na maioria dos casos, a jovem teve medo de denunciar o criminoso e o problema só foi revelado em 2011, quando a menina já estava com 18 anos e o médico voltou a importuná-la. Denunciado pela família, o acusado foi idenficado por outras vítimas e acabou condenado pela justiça.

 

Segundo Mary Sueli, o médico foi condenado em primeira instância a mais de 23anos e sete meses de prisão, mas entrou com recurso e encontra-se em liberdade. O depoimento foi dramático e chegou a emocionar os presentes.

 

O vereador Roberto Carlos, vice-presidente da Comissão de Educação, destacou que a pedofilia não escolhe classe social e que todas as famílias estão sujeitas ao problema. “Recentemente vimos nos jornais a condenação deste médico acusado de pedofilia. Nas páginas policiais dos jornais não é um caso ou outro que vemos. E aqueles que são pais de crianças pequenas sentem mais esse problema, pois ficam imaginando que esta situação pode acontecer com os seus filhos.”

 

Roberto Carlos disse que a discussão levantada pelo vereador Ademir, por meio da Comissão de Educação da Câmara, seja levada para dentro de outras escolas, das empresas, clubes de serviços e igrejas de todas as denominações, dando o fruto que nossa sociedade precisa.

 

Relator da Comissão de Educação, o vereador Juarez Pires disse que é muito importante a realização de audiências públicas como a que foi proposta pelo vereador Ademir Cláudio. “Espero que eventos como este aconteçam em outros bairros da cidade, como no meu, o Bom Jardim. O município é grande e temos problemas em muitos lugares. Sabemos disso porque já participamos da Pastoral Familiar, fomos agentes do movimento em favor das crianças e adolescentes e atuamos junto a creches do Bom Jardim. Muitas vezes fomos procurados por familiares de crianças que foram vítimas desse crime. Por isso a importância de discussões como esta que acontece hoje.”

 

CAMPANHA

Para o secretário municipal de Assistência Social, Vasconcelos Lagares, o tema da pedofilia é muito importante e deve ser discutido em todos os espaços de nossa cidade. Segundo ele, juntamente com o Conselho Tutelar e o CMDCA, está sendo desenvolvida pela Prefeitura, desde o mês de julho, a campanha “Violência contra a criança e o adolescente, não!”.

 

“Das diferentes formas de violência que nós temos, a pedofilia é uma das mais brutais e fica muito silenciosa às vezes. Temos que romper o silêncio, discutir e falar sobre o problema. É neste sentido que conversamos com nossa prefeita, para que possamos fortalecer as nossas instituições e equipamentos para ouvir, prestar o serviço e atender à população. Sabemos da importância de termos uma rede forte de atendimento, com profissionais preparados, para ouvir atentamente e dar os encaminhamentos necessários”, afirmou Vasconcelos Lagares.

 

PREVENÇÃO

Também presente à audiência pública, o vice-prefeito coronel Ramalho, disse que o mais importante é prevenir a ocorrência do fato. “A pedofilia deixa seqüelas, muitas delas impossíveis de serem restabelecidas. Aí está o nosso papel, devemos entrar nas escolas e ensinar os professores a idenficarem esse problema. Trabalhos como este que acontece hoje são importantes para que possamos entender o que é a pedofilia, como podemos enfrentar e impedir que isso venha a acontecer.”

 

Na visão de Ramalho, é preciso gerar conhecimento e as informações precisam chegar a todos os territórios da cidade. “Com certeza, todos nós fazendo algo em favor disso vamos impedir e evitar que aconteça esse crime, que é repugnante, bárbaro e nos causa indignação.”

Início do rodapé