Bairro escolhido foi o Bom Jardim, que em apenas uma semana, registrou três casos de abuso contra crianças

Na última semana, a Polícia Civil registrou três casos de pedofilia no Bom Jardim, em Ipatinga. Os três envolviam meninas de 3, 9 e 12 anos, todas moradoras do bairro e foram violentadas por pessoas diferentes.

Preocupados com os casos, os vereadores que compõem a Comissão de Educação pretendem realizar audiências públicas em diversos bairros da cidade. A primeira foi marcada para o dia (4/01/14), no Salão Paroquial da Igreja Católica São Geraldo, na Avenida das Flores, 888, Bom Jardim.

O vereador membro da Comissão, Juarez Pires (PT), esclareceu que, a partir de solicitações dos próprios familiares das vítimas, a Câmara, por meio da Comissão Permanente que já vem tratando o tema, irá debater a pedofilia no bairro que tem tido muita incidência.

“A primeira audiência trouxe resultados positivos. Além de ter sido o palco de um debate amplo em que mães de abusadas puderam expor os problemas enfrentados e, a partir daí, traçarmos uma linha eficiente de trabalho, ainda deixaram o exemplo do apoio amplo e irrestrito que iremos dar as famílias e vítimas, casa haja novos casos”, explicou Juarez.

Parlamentares reiteraram que o sonho da Comissão é que haja total ausência de procura de pessoas em busca de ajuda para um crime como este.

“Mas sabemos que, como Poder Público, isto pode ser utópico. E, como vereadores cristãos vamos buscar esforços para adotar medidas que venham a promover o melhor tratamento a criança e seus familiares”, comentou o vereador Ademir Cláudio (DEM).

A manifestação de Ademir se deu porque as famílias solicitam que o exame de corpo de delito realizado nas vítimas, é feito em um Instituto Médico Legal (IML), que funciona de modo provisório, dentro do Cemitério Municipal.

“Minha filha teve medo ao chegar ao cemitério e encontrar um lugar tão hermo, com pessoas sofrendo tanto”, disse a mãe da criança de 3 anos, violentada por um vizinho.

Para resolver esta questão, os vereadores irão tentar um convênio, junto ao Governo Estadual e com a ajuda das secretarias municipal de saúde e assistência social, para que as vítimas de pedofilia sejam atendidas no Hospital Márcio Cunha (HMC).

“Um contato prévio já foi feito com o deputado Eros Biondini, que intermediará, junto a Secretaria de Governo do Estado de Minas, para tentarmos este convênio que visa atendimento do HMC. 

Vereadores Juarez Pires, Ademir Cláudio e Roberto Carlos, membros da Comissão de Educação

Humanização – Outro fato narrado pelos familiares da criança de 12 anos, também residente no Bom Jardim, é que a menina não deixou que o exame fosse feito, porque o médico plantonista é homem.

“Já foi violentada por um homem e logo em seguida, ter que fazer exame ginecológico com outro homem, é muito difícil. Bom seria se o atendimento pudesse ser feito por uma mulher”, disse a mãe das vítimas que procurou ajuda junto aos vereadores.

Familiares ainda reclamaram da falta de humanização nos atendimentos. “No meu caso a médica era mulher. Mas reclamou que a menina não queria abrir as pernas, de forma grosseira e desrespeitosa”, informaram.

Para tratar estes assuntos e aprofundarem diálogo em torno de resolver estes problemas, a Comissão convocou os secretários de assistência social, Vasconcelos Ferreira Lagares e de saúde, Eduardo Pena, para virem à Câmara, no próximo dia 12, às 14h, para conversarem sobre estas questões.

“Sabemos que o Conselho Tutelar é quem atende estes casos, encaminha e os leva ao IML, e esta criança, passa a ser assistida por psicólogo e assistente social do CREAS, mas vamos humanizar, ao máximo, este atendimento. Já basta os traumas e violências sofridos em razão do crime. Temos que garantir integridade física e psíquica daquela criança que necessita e não prejudicar ainda mais o trauma existente” comentou Ademir Claúdio.