Moradores do distrito do Barra Alegre aproveitaram audiência pública sobre o Plano Diretor, nesta segunda-feira (24/02), na Escola Estadual Caetana América Menezes, para exigir mais atenção da administração pública quanto aos problemas enfrentados pela comunidade.

 

Eles afirmam que “foram esquecidos” nos últimos anos e que o poder público só aparece em época de eleição “para pedir votos”.  

 

Essa foi a 3ª rodada de encontros, num total de cinco, promovida pela Câmara Municipal de Ipatinga, que tem por objetivo debater as necessidades de cada comunidade antes da votação do projeto de lei que trata das novas diretrizes do Plano Diretor.

 

A audiência contou com a participação de vereadores, líderes comunitários, moradores e representantes da Prefeitura e de empresas localizadas na região.

 

Entre os principais gargalos apontados por moradores, estão as más condições do posto de saúde, das duas vias de acesso à comunidade e do campo de futebol.

 

Problemas com as encostas também foram lembrados. Os moradores afirmam que correm risco de morte com as iminentes ameaças de deslizamentos em época de chuvas. 

 

Eles reclamam também das dificuldades de acesso às comunidades rurais da região. As condições ruins das estradas, dizem, “causam transtornos diariamente”, além de prejuízos com a manutenção dos veículos. Eles querem também uma melhor cobertura de telefonia e internet móveis.

 

 

Eucalipto

 

Embora tenha havido algumas manifestações contrárias, grande parte dos moradores é  a favor do plantio de eucalipto na região. Eles argumentam que dezenas de famílias têm a madeira de eucalipto como fonte principal de renda e que a proibição do plantio causaria desemprego.

 

A polêmica em torno do eucalipto ganhou destaque quando o governo municipal enviou o texto do Plano Diretor à Câmara. Nele, a Prefeitura prevê a extinção do plantio no município no prazo máximo de dez anos.

 

Presente na audiência pública, o professor e pesquisador José de Castro Silva (Universidade Federal de Viçosa) rebateu as críticas daqueles que condenam o plantio.   

 

O professor afirma que o eucalipto causa menos danos ao meio ambiente do que outras culturas (a exemplo do milho e da cana de açúcar).

 

“Tenho 35 anos de pesquisas dedicadas à cultura do eucalipto e afirmo que não é o eucalipto que devasta a natureza, mas sim o homem. Sem alternativas, a população irá desmatar as matas nativas no lugar do eucalipto”, disse ele.

 

José de Castro comparou, ao mostrar imagens num telão montado para o público, as condições naturais entre as cidades de Governador Valadares e Ipatinga.

 

“Em regiões de Governador Valadares onde nunca houve plantio de eucalipto, mas sim a formação de pastagens para a criação de gado, a situação dos terrenos é precária, com grande incidência de erosões. Será que é isso que queremos para Ipatinga?”, questionou ele.

 

O professor negou ainda que a planta de eucalipto possua raiz longa, como popularmente se acredita. “Está aqui a comprovação de que a raiz do eucalipto é muito menor do que o tamanho do tronco”, disse ele ao apresentar imagens.

 

O presidente da Câmara de Ipatinga, vereador Ley do Trânsito (PSD), responsável pela condução da audiência pública, pediu uma cópia do estudo. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara irá analisar o material.

 

“É de suma importância para as discussões do Plano Diretor a informação embasada em estudos técnicos e científicos sobre um tema tão complexo e controverso. A presença do professor José de Castro enriqueceu de forma singular os debates sobre a proposta inserida no Plano Diretor de se extinguir a plantação de eucalipto. O preocupante dessa proibição embutida nesse projeto de lei é que ela não traz argumentos técnicos que a justifique”, disse Ley. 

 

 

Mais

 

A Prefeitura Municipal de Ipatinga foi representada pelo secretário Hélcio Muzzi Martins (Desenvolvimento Econômico).  

 

Ele afirmou que a prefeita Cecília Ferramenta colocou como prioridade em seu governo a formulação de um novo Plano Diretor. O projeto de lei foi concluído e enviado à Câmara em dezembro do ano passado, onde está sob análise. O texto poderá sofrer modificações por meio de emendas parlamentares.

 

Sobre as críticas da população do distrito de Barra Alegre, o secretário afirmou que o governo federal irá liberar para a comunidade verbas do PAC.

 

A vereadora Lene Teixeira (PT) garantiu também que a Prefeitura irá reconstruir um novo posto de saúde. O atual, segundo moradores, não possui condições mínimas para o atendimento médico, "onde não há profissionais de saúde e estrutura suficientes".

 

Estiveram também presentes na audiência pública no distrito do Barra Alegre os vereadores Saulo Manoel (PT), Agnaldo Bicalho (PT), Juarez Pires (PT), Léo Escolar (PC do B), Adiel Oliveira (SDD), Adelson Fernandes (PSB), Nilsin da Transnil (PRTB), Jadson Heleno (SDD), além de Lene Teixeira e Ley do Trânsito. 

 

+ Audiências

 

A próxima audiência pública sobre o Plano Diretor será nesta quarta-feira (26/02), às 19h, na Escola Municipal Primeiros Passos, bairro Bethânia.