Em reunião da Comissão de Saúde, população reclama do atendimento no PSM, UPA e outros
Publicada em 07/08/2014 15:51
Muitas reclamações. Esta foi a tônica da reunião da Comissão Permanente de Saúde Pública, Trabalho e Bem-Estar Social, realizada na tarde desta quinta-feira (7), no plenário da Câmara Municipal de Ipatinga. Representantes das comunidades dos bairros Bom Jardim e Vila Militar apresentaram diversas queixas e denúncias com relação ao atendimento prestado pela rede municipal de saúde.
Eunice Ferreira, moradora do Bom Jardim, apresentou denúncia sobre os prejuízos causados pelo fato de servidores da área de saúde acumularem mais de um emprego. “Pode até ser legal diante da lei, mas não é bom. Alguns funcionários da UPA têm até três vínculos empregatícios. Trabalham no SAMU, dentro da Usiminas como socorristas, por exemplo, e vão dormir na UPA. Não está havendo fiscalização com respeito a isso. Humanamente falando, é difícil uma pessoa suportar trabalhar em três turnos seguidos, 24 horas por dia”.
Conforme Eunice Ferreira, esses servidores chegam sem condições físicas ao trabalho e acabam sobrecarregando os colegas e prejudicando o atendimento à população. “Fica a sugestão da Secretaria de Saúde estar analisando esta situação”, alertou.
Também morador do Bom Jardim, Glicèrio Santana Lucas lamentou a situação da saúde em Ipatinga. “A cidade tem dinheiro, tem estrutura, mas percebemos que está havendo uma má gestão dos recursos. Estou aqui como vítima e testemunha ocular de algumas situações. No PSM, quando minha esposa esteve internada, observei que existem profissionais qualificados, mas sem as condições necessárias para um atendimento de qualidade. Profissionais sobrecarregados, realizando um número de atendimentos excessivo”.
Glicério disse que na última vez em que sua esposa, Maria Aparecida, também presente na reunião, esteve na UPA, com problema de fígado e ardendo em febre, teve que ouvir da médica que seu caso não era de morte iminente. “Ela disse que daria apenas um medicamento para dor e que ela teria de voltar para casa. Ou seja, o que dá para entender é que só consegue atendimento na UPA quem está para morrer. Tem que esperar um agravamento da condição de saúde para ir lá”.
Glicério manifestou sua indignação com o fato de ser morador de Ipatinga há 46 anos e não ter onde recorrer no caso de um problema de saúde. “A UPA está superlotada, numa situação caótica, não atende a demanda. Precisamos de um lugar maior, não só com profissionais competentes, mas com liberdade para trabalhar. O posto de saúde do BJ, onde eu moro, não tem um raio x. Temos que descobrir onde está indo o dinheiro ou se não está sendo feita uma gestão adequada. É vergonhoso esperar meses por um exame como um ultrasom, endoscopia e outros. Ipatinga tem dinheiro para isso. A UPA não resolveu o problema até agora. Parece que é apenas para receber repasse de verbas”, finalizou.
Jairo Maurício de Assis, morador do Vila Militar, relatou à Comissão de Saúde que em 2011 estava na fila para pegar um aparelho de uso nasal devido a um problema de deficiência do sono. Quando chegou a sua vez de ser atendido, segundo ele, os médicos foram instruídos a não entregarem mais aquele tipo de aparelhos para os usuários da rede municipal de saúde. “Consegui o aparelho na Justiça, mas agora preciso fazer um exame que custa em torno de R$ 700 e não tenho dinheiro para pagar. Preciso de ajuda para que a Prefeitura possa custear o exame”.
Maria Aparecida, esposa de Glicério Santana, também apresentou reclamações com relação à saúde pública em Ipatinga. “O posto de saúde no Bom Jardim pode-se dizer que não existe, porque toda vez que vou lá não sou atendida. Esperei por um ano e meio pela autorização de um raio x, quando chegou já não tinha mais a dor. Tive que tomar muito remédio. Esperei por 10 anos um tratamento de canal para colocar prótese dentária. Quando saiu autorização, já havia perdido o dente. Há um ano e meio, iniciei o tratamento para colocação da prótese. O dentista falou que agora iria sair, mas até hoje continuo esperando pela prótese”.
O vereador Ademir Cláudio, relator da Comissão de Saúde e que coordenou a reunião juntamente com a sua presidente, Lene Teixeira, agradeceu a participação dos representantes da comunidade e disse que todas as reclamações e considerações seriam levadas à Secretaria Municipal de Saúde.