Após audiências públicas, denúncias contra pedófilos aumentam em Ipatinga
Publicada em 27/01/2015 15:58
Dados levantados pela 12ª Regional de Polícia Militar apontam que, em Ipatinga, o número de crimes sexuais registrados contra crianças e adolescentes cresceu 44% no ano passado, em comparação ao ano de 2013. Segundo a presidente da Regional I do Conselho Tutelar do Município, Marli Augusta da Silva Andrade, isso não significa que o número de casos tenha crescido e, sim, que as vítimas, com mais informação, estão tendo mais coragem para denunciar.
De acordo com ela, aproximadamente 3% dos atendimentos mensais feitos na Regional 1, passaram a ser relativos a denúncias de suspeita de pedofilia. “O que a gente vê é que os pais estão ficando mais atentos ao comportamento dos filhos. Isso graças ao trabalho de conscientização que vem sendo realizado junto à comunidade ipatinguense”, pontua Marli, reforçando sua percepção de resultados das campanhas. “Percebemos um aumento das denúncias com uma campanha iniciada em 2013. Hoje as queixas de pedofilia figuram em sexto lugar na nossa lista de denúncias e encaminhamentos”, disse ela.
Membro da Comissão de Educação em Ipatinga, o vereador Ademir Cláudio (DEM) reforçou que o trabalho não encerrará por aqui. “Queremos que a informação se multiplique para que as pessoas saibam dos seus direitos e a quem recorrer quando necessário. Em 2013 e 2014, fizemos audiências públicas e divulgamos amplamente o Disque 100. Vários estabelecimentos comerciais aderiram à campanha”, contou o vereador, para continuar: ”Fico feliz em saber que a nossa iniciativa trouxe um resultado tão positivo. Para 2015, pretendemos intensificar ainda mais campanha e já temos total apoio da Câmara de Ipatinga, que emitirá todos os documentos com o selo “Ipatinga Contra Pedofilia”. Esse selo também poderá ser usado por empresas e instituições que aderirem à essa causa tão nobre”, destacou o vereador.
70% dos casos de abuso sexual acontecem dentro de casa
Muitos pais temem que o filho seja abordado por um estranho na rua e sofra algum tipo de abuso sexual. No entanto, pesquisas disponíveis no Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente apontam que, em 90% dos casos de pedofilia registrados no Brasil, o agressor é um conhecido da família, podendo ser inclusive mãe ou pai da vítima, sendo que 70% dos abusos sexuais aconteceram dentro da casa da vítima. Acredita-se que, para cada caso denunciado, existam 20 casos omissos. Há levantamentos ainda que 80% das pessoas exploradas sexualmente sofreram algum tipo de abuso sexual quando crianças.
Em 2014, a Polícia Rodoviária Federal mapeou 1969 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. De acordo com a publicação, Minas Gerais é o estado que concentra a maior quantidade de pontos vulneráveis, com 252, seguido por Pará, com 208; Goiás, com 168; Santa Catarina, com 113; e Mato Grosso, com 112.
Até novembro de 2014, o Disque 100 recebeu e encaminhou 88.091 denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Deste total 25% informam casos de violência sexual, sendo 84% direcionadas ao contexto de abuso sexual e 24% de exploração sexual.