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Entidades e sociedade discutem sobre portadores de deficiência na Câmara


Publicada em 11/04/2006 17:56

A realidade enfrentada no dia a dia pelos portadores de necessidades especiais foi pauta de discussão de uma audiência pública realizada na noite da última quinta-feira, dia 06, no Plenário da Câmara Municipal. Comandada pela vereadora Lene Teixeira (PT), a audiência reuniu representantes de entidades sociais que desenvolvem trabalhos com portadores de deficiência física como, por exemplo, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e a Núcleo Assistencial Eclético Maria da Cruz - Casa da Esperança. O encontro contou também com a participação do padre José Miranda, da paróquia Nossa Senhora da Aparecida do bairro Iguaçu.

"Dentro da nossa sociedade há muitas pessoas que não se tocam para o problema dos portadores de deficiência. Sabem que esse problema existe, mas não tem idéia da dimensão dele. Muitas vezes não sabem como ajudar nem como interferir, por isso a importância de se refletir e discutir sobre este tema", comentou Lene Teixeira.

Durante a reunião, a vereadora ressaltou a existência de, no mínimo, 15 leis municipais que abordam especificamente os portadores de deficiência física. "Há várias leis que garantem vários direitos, mas que, infelizmente, são constantemente desrespeitadas". O direito de acesso ao transporte público adaptado para portadores e a acessibilidade em locais públicos foram algumas leis citadas por Lene Teixeira que nem sempre são respeitadas pela administração municipal e pela população.

A vereadora, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, informou na audiência que foi feito um levantamento sobre todos os direitos dos portadores de deficiência garantidos na legislação municipal. A intenção é que esse levantamento possa auxiliar a Comissão a fiscalizar se essas leis específicas estão sendo cumpridas ou não.

Família
Um dos pontos mais discutidos na audiência foi referente à necessidade de se fornecer suporte à família dos portadores de necessidades especiais. A presidente da Casa da Esperança, Maria Lúcia Valadão, ressaltou que um dos maiores problemas relativo aos portadores de deficiência, em especial aos de deficiência mental, é a falta de preparo e desconhecimento da família sobre como conviver com uma pessoa portadora de deficiência.

"Na verdade, o pai, o parente ou responsável pelo portador precisa de mais apoio do que o próprio deficiente. Aquela mãe ou pai também precisa de alguém que cuide deles. O auxílio recebido pelo governo de R$ 300 não é suficiente para sustentar um deficiente, quanto mais a sua família, que tem o seu tempo todo direcionado para esse deficiente. O portador nunca vai ser atendido se a família dele não for atendida", declarou Maria Lúcia.

Socialização
Para José Modad Barbosa, presidente da APAE, além de fornecer suporte para a família, é necessário que se promova a socialização dos deficientes com a comunidade, por meio de projetos que incentivem essa convivência, como, por exemplo, a Banda Excepcional da Apae e o Esperança Circo Show.

"Temos alunos que tocam instrumentos, que são atletas, artistas e às vezes as pessoas não sabem disso, então é preciso mostrar para a população que eles são capazes de fazer muitas coisas", ressaltou o presidente. "Eles tem sentimentos, valores, capacidades, mas esse reconhecimento é lento demais. Ainda temos que lutar para fazer valer leis, que já deveriam ser cumpridas", completou Maria Lúcia.

Modad comentou também sobre a necessidade de que as entidades recebam apoio, tanto financeiro quanto pessoal, das instituições públicas, privadas ou da sociedade civil para manter o seu funcionamento. A urgência de se pensar em mais políticas públicas que envolvam direta ou indiretamente os portadores de deficiência foi outra reclamação dos presentes na audiência.

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