"O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular", destaca a autora do debate, vereadora Cida Lima

 

"Ipatinga contabiliza cerca de 330 pessoas em situação de rua. Entretanto, de acordo com dados oficiais, esse número é de apenas 130. Sabemos que o número exato de pessoas é frequentemente subestimado em vários municípios brasileiros, e aqui não é diferente", pontuou a coordenadora pastoral do povo de rua, Etelvina Maria Gomes, ao usar a Tribuna.

Essa foi uma das vozes levantadas na audiência pública de quarta-feira (30/8), realizada no plenário da Câmara. O tema em discussão foi "Grito dos Excluídos: vida em primeiro lugar", sob o lema "Você tem fome e sede de quê?". A iniciativa foi proposta pela vereadora petista Cida Lima e antecede o evento Grito dos Excluídos, que acontece há 29 anos no Brasil, sempre em 7 de setembro.

Em sua intervenção, Cida ressaltou que participa das atividades do Grito há 29 anos. Segundo ela, o evento surge como um contraponto ao Dia da Independência, celebrado em 7 de setembro. “Nosso objetivo é levar para as praças e ruas os clamores que, frequentemente, são sufocados. Vozes que emergem dos campos, periferias e cantos esquecidos, com a finalidade de promover a justiça e a paz", afirmou a vereadora.

Ao recordar edições passadas, Cida mencionou conquistas sociais que tiveram o Grito como catalisador, como o Estatuto do Idoso, em 2003, e a Lei da Ficha Limpa, em 2010. “São exemplos de mobilizações sociais que clamaram por direitos e dignidade", salientou.

Participando de maneira virtual, o bispo da Diocese Itabira Coronel Fabriciano, Dom Marco Aurélio Giubioti, e o padre Júlio Lancelotti, coordenador da pastoral do povo de rua, também trouxeram suas contribuições. Dom Marco sublinhou que “é essencial levantar a voz para reafirmar nossa responsabilidade em uma sociedade que, por vezes, se mostra excludente, injusta e discriminatória”. Já o padre Júlio ressaltou as discrepâncias nos dados sobre a população em situação de rua e enfatizou a necessidade de se olhar com atenção para essa questão.

Cíntia Rodrigues, coordenadora geral do SINDUTE Ipatinga, destacou lutas específicas do setor educacional. “Neste ano, nosso protesto se dirige contra políticas fiscais e educativas que impactam diretamente os trabalhadores da educação", disse.

O evento contou ainda com a presença de diversos outros representantes de entidades, sindicatos e líderes religiosos, entre eles o padre Marco José, da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, a conselheira nacional da pastoral da juventude, Sarah Susan, e o vereador Zé Terez.

O evento "Grito dos Excluídos" ocorrerá na próxima quinta-feira, 7 de setembro, a partir das 8h, no Bairro Ferroviários, em Ipatinga, com uma caminhada aberta ao público.

Assista à audiência: